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 Sobre o Projeto

Desde 2008 o Grupo de Pesquisas Dinâmicas Territoriais do Espaço Rural na Amazônia (GDEA), aborda a dendeicultura como evento que reorganiza a paisagem, a configuração espacial e a dinâmica territorial (Nahum, Santos, 2022), (Nahum, Santos, 2015). Evento construído por inúmeras intencionalidades sociais que introduzem onde aportam novas temporalidades e espacialidades, configurando os lugares como produtores de commodities negociáveis segundo os mercados mundiais.

Estamos diante de um período geográfico do dendê (Nahum, Santos, 2015b). No atual período esse cultivo configura-se tal como um grande projeto agroindustrial, um enclave territorial de agroenergia, com as mesmas bases tradicionais dos que aportaram na região, sustentados por ações políticas estatais e ressaltando as vantagens técnicas, competitivas e econômicas; agora propondo a reinvenção da Amazônia como fronteira da agricultura de energia.

Neste período aprofunda-se a concentração de terra e recursos hídricos. Assunto quase esquecido, pois na contabilidade das vantagens comparativas a concentração de terra e de recursos hídricos aparece como um mal necessário e menor. O agronegócio do biodiesel expõe a concentração e a centralização de terra e de corpos d’água em poucas empresas.

Formam-se territórios do dendê possibilitados por políticas estatais associadas aos interesses empresariais. Distribuem-se pela macrorregião do Nordeste Paraense, singularizando-se pela descontinuidade, espalhados pelo arranjo espacial do estado, onde cada campo constitui um ponto na rede, unificados por um comando exógeno. O tamanho e quantidade dos pontos dependem da envergadura e natureza do capital acionado para transformar extensas terras, assim nem toda empresa tem condições políticas, econômicas e espaciais para construir seu território-rede.

Nos lugares onde temos unidades familiares produzindo dendê associadas as empresas desencadeiam-se a subordinação do território ao capital. Tais unidades familiares não perdem a propriedade jurídica da terra, tampouco as pessoas tornam-se assalariados das empresas; continuam proprietárias da terra enquanto meio de produção e força produtiva e sua força de trabalho não é vendida à empresa. Porém, quem determina e comanda os usos dessa terra são as empresas; a terra, por meio de contratos entre partes juridicamente iguais e em comum acordo, transformou-se em território usado para monocultura. Igualmente a força de trabalho de todos que adentram os campos é treinada, comanda e utilizada exclusivamente para a cultura da palma africana.

A dendeicultura ameaça a produção de alimentos, posto que se apropria de terra e força de trabalho que outrora destinavam-se a agricultura, pecuária e extrativismo. A preocupação com a geração de emprego, renda e inclusão social tem sido o atrativo para metamorfosear o sitiante camponês em trabalhador do dendê, seja na forma de assalariado da empresa ou de produto integrado ao projeto de agricultura familiar do dendê. O corolário disso é menos terra e força de trabalho destinados à produção de alimentos.

Decorridos dez anos de pesquisas reveladoras da abrangência da dendeicultura, bem como sua importância para a economia regional e o desenvolvimento territorial rural, criamos em 2018, o OBSERVATÓRIO DO DENDÊ para subsidiar o desenvolvimento territorial rural. O “Observatório do Dendê” enquanto agenda de debates e proposições agregando pesquisadores, alunos de pós-graduação e graduação, técnicos e entidades da sociedade civil. Além de contribuir com o desenvolvimento territorial rural, o Observatório do Dendê fortalece o tripe ensino, pesquisa e extensão na Faculdade de Geografia e Cartografia e no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará.

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